terça-feira, 18 de maio de 2010

E a imprensa?

Ao que parece, a imprensa mineira só percebeu que há quase um mês centenas de milhares de alunos das escolas estaduais estão sem aulas, quando o desembargador Marotta mandou que a greve acabasse.

A decisão foi notícia hoje nos jornais Estado de Minas, O Tempo e Hoje em Dia, entre outros. O Portal Uai, dos Associados, abriu espaço para a notícia. Nos 26 dias anteriores, só se referiu à greve, assim mesmo superficialmente, por cinco vezes. Ontem, às 19h11, sob a manchete “Justiça suspende greve dos professores da rede estadual”, o portal informou sobre o que decidira Marotta. Até as 15h50 de hoje, o portal registrou 121 comentários à notícia.

Escreveu o leitor que se identificou como Volney Costa: “Professores, sou de Belo Horizonte, acompanho tudo pela imprensa , e não tinha visto nada noticiado. Já ouvi dizer que tem muitos jornalistas na folha de pagamento do estado. Não seria possível requerer judicialmente quais os jornalistas estão na folha, pois não noticiam nada?” Fabrício Leite, pouco antes, escrevera: "Nossa! quando é contra os professores vocês procuram colocar a maior letra; a favor desse estado irresponsável, o destaque é grande. Mas, mesmo assim, quero agradecê-los, porque ainda é o único espaço que temos para colocar a nossa insatisfação contra esse governo sanguessuga."

Este comentário, me fez sentir mais vergonha ainda do meu contracheque:

“Sr. Desembargador Wander Marotta: O auxílio reclusão de um assassino, estuprador, ladrão, pedófilo, contrabandista, traficante, etc... é de R$ 700,00. O salário base de um professor P1 em Minas Gerais é de R$ 336,00 ( menos que o salário mínimo); por isso, A GREVE CONTINUA...”

Houve quem duvidasse dessa choradeira. Um leitor, José Roberto da Silva, escreveu: “Caro Rodrigo , gostaria de ver um contracheque com estes valores que vocês estão dizendo; o governo diz uma coisa, vocês dizem outra, em quem acreditar?”.

Pois é: seria o trabalho da imprensa esclarecer isso... De qualquer forma, há ainda quem acredite na independência da imprensa mineira. Como parece ser o caso de Rodrigo Sousa, que respondeu a José Roberto: “assista amanhã o Jornal da Alterosa, estarei lá mostrando meu contra-cheque de 356,00 e os meus diplomas de mestrado e doutorado, o investimento que fiz para ser professor público.”

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